2 de maio de 2016


O suicídio constitui uma das formas de violências autoinfligidas, na qual o indivíduo intencionalmente tira a própria vida. O comportamento suicida varia desde a ideação de se matar até a elaboração de um plano e a obtenção dos meios para realização do ato, e representa hoje, no mundo, um importante problema de saúde pública.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os idosos são o grupo populacional de maior risco para o suicídio. Apesar disto, este fenômeno ainda recebe pouca atenção das autoridades da área de saúde pública, de pesquisadores e da mídia, os quais, em suas reflexões e ações, costumam priorizar os grupos populacionais mais jovens. No Brasil, cerca de 1.200 pessoas com 60 anos ou mais morrem a cada ano em decorrência de suicídio.

Considerando apenas a população geral, observa-se que houve aumento das taxas de mortalidade por suicídio em todos os estados da região Nordeste entre 1980 e 2009, de acordo com dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério
da Saúde (SIM/MS), disponíveis no site do Datasus.

As taxas da região Sudeste se mostram baixas, oscilando em torno de 5 óbitos por 100 mil habitantes neste período. Para a região Sul, local onde as taxas são substancialmente mais elevadas em todos os estados, observa-se um decréscimo das taxas de suicídio para a população geral. Estas, no entanto, ainda se encontram em patamares elevados, acima de 14 óbitos por 100 mil habitantes, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Na região Centro-Oeste chama a atenção, principalmente, os números do Estado de Mato Grosso do Sul (população geral), os quais figuram acima das 15 mortes por 100 mil habitantes no ano de 2009. As taxas brasileiras para a população com 60 anos ou mais anos ficaram por volta de sete suicídios por 100 mil habitantes durante todo o período (1980 a 2009). Na população masculina, observa-se a manutenção do número de mortes em 12 por 100 mil habitantes, enquanto na feminina houve redução, passando de 3 (em 1980) para 2,4 (em 2009).

O fato de as estatísticas mostrarem queda das taxas nos estados da região Sul, sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul – embora continuem a ser as mais elevadas do país – mostra que é possível atuar preventivamente para diminuir as mortes autoinfligidas, ação que vem ocorrendo em vários municípios nos últimos anos.

As áreas de saúde e social têm um papel fundamental no apoio e na proteção das pessoas idosas, sobretudo, para que se sintam úteis, ativas e socialmente integradas. Os que vão perdendo a autonomia física, psicológica e econômica, necessitam de mais cuidados e, por isso, costumam perder também o sentido da vida. A OMS e o Ministério da Saúde oferecem orientações que contribuem para que os profissionais da área, principalmente os de Saúde Mental, promovam ações efetivas de prevenção e de promoção da vida.

Ernesto 
CVV Florianópolis (SC)
  Resenha da revista Ciência & Saúde Coletiva, volume 17,  nº 8, agosto de 2012
 

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