10 de junho de 2016

Zangado, o smurf Ranzinza e Lula Molusco são conhecidos personagens de animações infantis. A proximidade entre eles, no entanto, vai além dos desenhos. Em comum, todos estão sempre de mal com a vida. Muitas vezes identificado como traço da personalidade, o mau humor pode ser doença, com direito a diagnóstico e tratamento. Neste caso, chama-se distimia. É um subtipo de depressão, considerada crônica e de moderada intensidade. Em geral, caracterizada por irritação, tristeza e falta de vontade de agir.

Os sintomas, no entanto, muitas vezes não param por aí. Pessimismo e tendência em ver sempre o lado ruim costumam ser comuns, assim como transtornos do sono, somatizações, alteração do apetite e sentimentos de incapacidade e de desesperança, tal como descrito no livro Do mau humor ao mal de humor: Distimia, diagnóstico e tratamento

A característica básica deste transtorno é o fato de o indivíduo apresentar um humor deprimido durante grande parte do dia, na maior parte dos dias. Os sintomas seguem por pelo menos dois anos, nos quais o mau humor permanece, apesar de às vezes existirem períodos de humor normal em pequenos intervalos. 

No livro de autoria do médico Táki Cordás e colaboradores, eles ainda lembram que os pacientes que sofreram da doença desde a infância ou adolescência tendem a acreditar que esse estado de humor é natural deles, faz parte do jeito de ser e, por isso, não procuram um médico. Apesar do humor deprimido e da falta de prazer, elas seguem tocando a vida. Muitas vezes são considerados até por aqueles mais próximos como desagradáveis, de difícil relacionamento, que estão sempre a se queixar de algo ou alguma coisa.  

Cordás explica que, ao contrário da depressão, a distimia não apresenta ruptura, ou seja, em um dia o indivíduo está bem e, no outro, prostrado. Parece, aos olhos dos outros, uma fase marcada por muitos resmungos e pouca socialização. Uma rabujice sem fim. Os especialistas Aline Sardinha e Antonio Nardi, autores de um dos artigos sobre o tema no livro, explicam que a personalidade está diretamente ligada a questões genéticas, a um padrão estável de pensamento, afeto e comportamento, que inclui aspectos do desenvolvimento. 

Apesar de muitas vezes ser usada como sinônimo de caráter e de temperamento, vale ressaltar que enquanto o primeiro está ligado ao sistema de crenças acumuladas ao longo da vida, o segundo faz parte da genética. Assim, o  transtorno de personalidade implica em um padrão persistente que se desvia das expectativas do indivíduo e  provoca sofrimento. A boa notícia é que, sim, tem tratamento. E o acompanhamento do profissional adequado faz toda a diferença para obter os resultados esperados.

Leila
CVV Brasília - DF


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