Zangado, o smurf Ranzinza e Lula
Molusco são conhecidos personagens de animações infantis. A proximidade entre
eles, no entanto, vai além dos desenhos. Em comum, todos estão sempre de mal
com a vida. Muitas vezes identificado como traço da personalidade, o mau humor
pode ser doença, com direito a diagnóstico e tratamento. Neste caso, chama-se
distimia. É um subtipo de depressão, considerada crônica e de moderada
intensidade. Em geral, caracterizada por irritação, tristeza e falta de vontade
de agir.
Os sintomas, no entanto, muitas
vezes não param por aí. Pessimismo e tendência em ver sempre o lado ruim
costumam ser comuns, assim como transtornos do sono, somatizações, alteração do
apetite e sentimentos de incapacidade e de desesperança, tal como descrito no
livro Do mau humor ao mal de humor: Distimia, diagnóstico e tratamento.
A característica básica deste transtorno é o fato de o indivíduo apresentar um humor deprimido durante grande parte do dia, na maior parte dos dias. Os sintomas seguem por pelo menos dois anos, nos quais o mau humor permanece, apesar de às vezes existirem períodos de humor normal em pequenos intervalos.
No livro de autoria do médico
Táki Cordás e colaboradores, eles ainda lembram que os pacientes que sofreram da
doença desde a infância ou adolescência tendem a acreditar que esse estado de
humor é natural deles, faz parte do jeito de ser e, por isso, não procuram um
médico. Apesar do humor deprimido e da falta de prazer, elas seguem tocando a
vida. Muitas vezes são considerados até por aqueles mais próximos como desagradáveis,
de difícil relacionamento, que estão sempre a se queixar de algo ou alguma
coisa.
Cordás explica que, ao contrário
da depressão, a distimia não apresenta ruptura, ou seja, em um dia o indivíduo
está bem e, no outro, prostrado. Parece, aos olhos dos outros, uma fase marcada
por muitos resmungos e pouca socialização. Uma rabujice sem fim. Os especialistas
Aline Sardinha e Antonio Nardi, autores de um dos artigos sobre o tema no livro,
explicam que a personalidade está diretamente ligada a questões genéticas, a um
padrão estável de pensamento, afeto e comportamento, que inclui aspectos do
desenvolvimento.
Apesar de muitas vezes ser usada
como sinônimo de caráter e de temperamento, vale ressaltar que enquanto o primeiro
está ligado ao sistema de crenças acumuladas ao longo da vida, o segundo faz
parte da genética. Assim, o transtorno
de personalidade implica em um padrão persistente que se desvia das
expectativas do indivíduo e provoca
sofrimento. A boa notícia é que, sim, tem tratamento. E o acompanhamento do
profissional adequado faz toda a diferença para obter os resultados esperados.
Leila
CVV Brasília - DF
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