19 de julho de 2016






Não é num passe de mágica, numa solicitação a Aladim com sua lâmpada maravilhosa, numa simples tomada de decisão ou numa viagem a terras distantes que conseguiremos retirar de nós sentimentos que, se pudéssemos, não os teríamos, ou sentirmos o que gostaríamos de sentir. Isso não acontece. Entretanto, podemos nos exercitar na prática de bons sentimentos. Cultivá-los como quem a cada dia rega uma planta só depende de nossas atitudes.

O que está por trás de um sorriso ou de uma lágrima? É evidente que um sentimento ou vários que fervilham dentro de nós. E não será a tecnologia que os explicará. Somente nós, no momento em que os manifestamos por meio do pranto ou do sorriso, sabemos os seus motivos e, a partir dessa constatação, podemos concluir que somos os únicos responsáveis por alimentar certos sentimentos ou eliminá-los. Neste último caso, mesmo não sendo fácil e muito exigindo da nossa capacidade de autocontrole.

Hume, filósofo escocês do século XVIII, assegurava que não é a razão que nos conduz à responsabilidade pelo que dizemos e fazemos. Se não é ela, o que seria? Seriam comportamentos gerados pelos nossos sentimentos. Quando resolvemos ajudar alguém são sentimentos positivos que nos conduzem a isso, e não a razão. E quando não ajudamos? Também são os sentimentos que comandam as nossas ações. Não ajudar uma pessoa não é uma coisa nem racional, nem irracional, mas - concluímos com base no que escreveu Hume - algo impiedoso.

E, para concluir, vale lembrar o escritor brasileiro Artur da Távola, que ensinava que "só quem já foi capaz de sentir os muitos sentimentos do mundo consegue saber algo sobre as outras pessoas e aceitá-las, com tolerância". Diz o autor que “só quem deixou fluir sem barreiras, medos e defesas todos os próprios sentimentos, pode sabê-los, de senti-los no próximo” e, portanto, ser capaz de avaliar o que sente o próximo.

Bartyra
CVV Recife/PE

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