18 de novembro de 2016



Cometer uma injustiça é muito pior do que sofrê-la, porque quem a comete transforma-se num injusto e quem a sofre não. A frase foi atribuída a Sócrates, mas muitas outras pessoas disseram coisas semelhantes ou experimentaram isso nas suas vidas. E é também esta, talvez, a nossa experiência. Aquilo que resulta desses atos é uma ferida nas outras pessoas. Se o mal que cometemos foi diretamente contra alguém, é uma outra ferida que permanece dentro de nós sob várias formas. esta ultimamente é certamente ainda mais traumática do que a primeira. É uma espécie de terrível doença interior.

Existe o remorso, o desconforto de estarmos a sós conosco mesmos. Existe a angústia e o desejo impossível de esquecermos. Existe a vontade louca de estarmos entretidos, a fuga à solidão e ao silêncio. A tentativa inútil de encontrarmos uma maneira de justificarmos perante a nós mesmos os nossos atos. Existe o álcool.... e a droga. E o medo. E, algumas vezes, o suicídio.

A felicidade deixa de estar presente. Só muito remotamente a felicidade tem relação com conforto material, dinheiro, prazer, desejos satisfeitos. Resulta da fidelidade esforçada àquilo que a nossa consciência nos dita. É o fruto sem preço de um comportamento correto.

Consciência é o nome que damos à nossa inteligência quando - à maneira de um juiz - julga os nossos atos realizados ou previstos, de acordo com um critério de bem e mal. Avisa-nos, censura-nos, mostra-se agradada. Porque existe o bem e o mal, o certo e o errado. A verdade é que - quer queiramos ou  não - chegamos ao mundo com regras de funcionamento. E a consciência é uma prova disso.

A felicidade depende dessas regras de comportamento que trazemos gravadas em nós e que não temos como alterar. Que fazer quando a consciência não se cala, quando todos os argumentos que desenhamos já não nos dão sossego, quando nos assalta uma amargura infinita e vemos em nós um monstro? Chega um momento em que sentimos necessidade de um desabafo, de alguém que nos escute, que nos dê chance de expressar o que sentimos, por meio da escuta compreensiva.

Que fazer? Existirá uma coisa assim capaz de tocar o intocável?  Haverá uma solução que impeça o desespero? Qualquer coisa que torne possível ideias confusas que estavam em agitação, como uma panela de pressão, encontrarem alívio quando comunicadas? É possível encontra-lo, sim, no CVV, onde existem voluntários à disposição para ouvir um desabafo, uma angústia. Ouvir sem preconceito, sem discriminação, sem interferência.

Bela
Novo Hamburgo (RS)