Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros mostra que apenas em 3,2% dos casos o suicídio não está relacionado a algum tipo de transtorno de ordem mental, ou seja, não foi identificada uma patologia. “Não quer dizer que que não tivesse. Nós, estudiosos, dizemos que quase 100% das pessoas que se suicidaram tinham no momento do suicídio, pelo menos da proximidade do ato, alguma patologia mental, e não foram devidamente tratadas”, explica a psiquiatra Alexandrina Meleiro, Coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção do Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Ela alerta para a importância de pais, professores, colegas e amigos sempre procurarem observar as mudanças de comportamentos nas pessoas próximas. Uma retração inesperada, um silêncio recorrente, ansiedade exagerada, dormir demais, isolar-se.... Mudanças de atitudes que começam aos poucos e vão ganhando corpo. Às vezes, incluem até mesmo abuso de substâncias, como drogas, que a longo prazo só pioram o quadro depressivo. “Tudo isso favorece com que vá aumentando, acentuado o grau de depressão ou de dependência química e que vai fazendo surgir, na pessoa, a ideia de morte, a vontade de morrer”.
Essa vontade pode se transformar em algo mais sério. Ou não. É necessário, então, seguir de olho. “Pode aparecer, de novo, a vontade de deixar de viver e de se matar. Nesse meio tempo, a pessoa vai dando alertas, dando pistas para os familiares, os amigos, que ela não está bem. Ela vai falando que não quer mais viver, que a vida não tem sentido, que quer ir embora, queria estar morta”, exemplifica a médica. Todas essas são frases indicativas da necessidade de ajuda. “Se a gente não faz nada, pode vir a fatalidade. Por isso a gente tem que sempre ter em mente de que o suicídio é algo de que nós podemos prevenir, algo evitável”.
A especialista lembra que dos 172 países que têm ações de prevenção do suicídio, 83% conseguiram reduzir, efetivamente, o número de mortes. O Brasil está fora deste grupo. “Infelizmente, o Brasil faz parte dos 17% que não reverteram as estatísticas. Então, é um cenário muito triste. Porque nós teríamos condições, porque o plano existe. Só que não foi colocado em prática”. O caminho, na avaliação dela, passa por uma força tarefa que inclua atitudes nas escolas, na população, nas unidades básicas de saúde, no programa saúde da família, nos hospitais, no Caps e em todos os pontos nos quais se possa prevenir.
A médica reitera sobre a necessidade de falar sobre o assunto. “Quando a gente aborda uma pessoa que está com ideação suicida e pergunta: você tem ideia de se matar, tem pensamentos ruins? Ela se sente aliviada e sente que alguém está entendendo o sofrimento dela. Grande parte, quase 90%, sente-se tranquila por estar abordando o assunto”. E falar, reforça ela, também é fundamental para quebrar tabus.
Leila
CVV Brasília (DF)
quando foi realizado esse estudo?
ResponderExcluirquem foram as pessoas que realizaram esse estudo?
quantos casos foram analisados nesse estudo?
esse estudo está aberto para o público ver?
O estudo destacado pela psiquiatra foi feito pela equipe do professor Bertolote.
ExcluirBertolote, J. M., & Fleischmann, A. (2002). Suicide and psychiatric diagnosis: A worldwide perspective. World Psychiatry, 1, 181-185.
Sempre que leio sobre prevenção de suicídio me sinto mais culpada. ..
ResponderExcluirSerá que se pode mesmo prevenir um suicídio como se previne qualquer outra doença física?
Não sei se a pessoa que deseja morrer se cura disso de verdade!Penso que queremos prevenir o suicídio mais por nós que ficamos de luto do que pelo próprio suicida...
Qual conceito de doença mental? E o que oferecemos de diferente quando salvamos alguém do suicídio?
Na verdade não se quer suicidar-se, mas por fim a descarga de emoções negativas que desordenadas turbilham a mente e o corpo. Esse processo é o oposto de algo que se vivia e que no momento é extremamente oposto ao da situação de felicidade e bem estar. Pode ser uma perca de um parente, de um amor, de um emprego, de um estilo de vida que não se tem mais e nem esperança de repor com algo que satisfaça~.
ExcluirVigilancia dos Produtos Químicos, Maravilhoso o comentário! Definiu exatamente o q eu estava sentindo ontem à noite.
Excluiro suicídio é uma escolha de quem não quer continuar e isso devia ser algo aberto devia-se ter centros para se dar termino, onde não se sentiria dores. A ideia de ter q viver por obrigação ou por que alguém acha q é errado se matar é um absurdo.
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