4 de fevereiro de 2017



Em 2014, uma idosa de cerca de 70 anos foi encontrada em seu apartamento, em Bournemouth, sul da Inglaterra, seis anos depois de morrer. "Sentimo-nos tão culpados, pois não tentamos bater na porta, nem entrar no apartamento, nem avisar alguém. Nós, realmente, pensamos que ela tinha se mudado. Ela era uma senhora tão boa e pensar que em mais de cinco anos ninguém, ninguém mesmo, sentiu falta dela... Isso é tão triste", afirmou uma vizinha.

Uma instituição de caridade britânica que fornece apoio a idosos do país afirma que muitos deles são praticamente invisíveis para o resto da sociedade. Este texto é um convite a refletir sobre a invisibilidade e individualidade do ser humano.

Desde o início da civilização, os indivíduos foram postos para conviver em grupo, mas tem-se percebido que essa situação está mudando, ou melhor, mudou de uns tempos para cá. Hoje, com a correria e o estresse do dia a dia, parece que os seres humanos deixaram de olhar para o outro e passaram a olhar apenas para si mesmos.

Dá para imaginar como devem ter sido difíceis para essa senhora seus últimos momentos de vida, pois, mesmo morando em um pequeno prédio, mal os vizinhos a notavam. Como ela deve ter se sentido sozinha, invisível num lugar com alguns milhares de habitantes...

Por que as pessoas estão se tornando tão centradas em si mesmas se no início dessa grande explosão da tecnologia foi vendido ao homem que o mundo não teria mais fronteiras? Hoje se percebe que as fronteiras aumentaram não somente entre os países mas também entre os seres humanos, separando-os.

Como será daqui para a frente? Como se poderá mudar essa situação? Para haver mudanças, é preciso esforço de todos.

Sendo o objetivo do CVV ajudar a construir uma sociedade mais compreensiva, fraterna e solidária, vemos o quanto é preciso mudar atitudes, derrubar o muro que cerca a todos e prestar mais atenção às pessoas que estão à volta, não deixar passar nada – por mais que em alguns momentos isso seja um pouco difícil. Quantas vezes as pessoas se fecham em si mesmas no metrô ou no ônibus com seus celulares e fones de ouvido e nem percebem que a pessoa que está ao seu lado precisa apenas de um olhar e de um sorriso para se sentir visível?

Uma das necessidades básicas do ser humano é o seu reconhecimento como pessoa. O indivíduo, às vezes, conhece muitas pessoas, mas olhar para cada uma delas, valorizando-as como gente, é difícil. É necessário que cada um faça a sua parte como "construtor de um mundo melhor".

É importante, também, considerar que cada ser tem muito que aprender quando realmente ouve e considera o que o outro diz e sente!



Elisa e Zilda
CVV Guarulhos/SP

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