23 de junho de 2017


A chegada de um filho costuma trazer alegrias e esperança. Para muitas mães, porém, este momento não é vivenciado de forma positiva, por causa da chamada depressão pós-parto, assunto que enfrenta preconceitos dentro e fora das famílias e em todos os âmbitos sociais, além do pouco conhecimento dos profissionais de saúde, que muitas vezes não conseguem diagnosticar o problema.

Os números são alarmantes, 1 em cada 4 mulheres brasileiras sofrem de depressão pós-parto é o que mostra uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizada em 2016, que entrevistou mas de 23 mil mulheres entre 6 e 18 meses após o parto. Os índices no Brasil (26,3%) estão acima da média mundial (19,2%) e necessitam de políticas públicas urgentes. Entidades britânicas, como a Royal College of Psychiatrists, monitoram estatísticas em seu país e pelo mundo, ano passado publicaram índices que apontam que o suicídio correspondeu a 25% das mortes entre mulheres nos primeiros 12 meses após dar a luz.

A depressão pós-parto possui características detectáveis, e um pouco de atenção, principalmente das famílias, pode auxiliar as mulheres na identificação da doença e a buscar um profissional de saúde para o tratamento adequado. Alertando que, a doença pode se agravar com o passar do tempo, de acordo com o quadro de cada paciente, levando inclusive ao suicídio.

Os sintomas podem surgir logo após, ou até um ano após o parto, a paciente apresenta sentimentos de tristeza, desespero, desinteresse, pensamentos de morte e suicídio, e até a vontade de prejudicar o bebê. Outras características são: ganho de peso; descontrole alimentar; dormir muito ou pouco; inquietação; indisposição; indignação; culpa; falta de concentração e ansiedade. A piora destes sintomas pode levar ao estágio mais grave chamado de psicose pós-parto, principalmente em mulheres com distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto.

Os profissionais que podem auxiliar as pacientes são psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, ginecologistas e obstetras. Ao detectar o grau da doença o profissional indicará o tratamento adequado e as alternativas de melhoria na qualidade de vida da paciente. Cada quadro necessita de um prazo para ser tratado, mas o quanto antes diagnosticado maiores são as possibilidades da cura.

As mães inexperientes e as experientes passam por muitos desafios antes, durante e depois da gestação, principalmente em tempos onde a mulher é tão cobrada por empoderamento, independência e autocontrole. Chamar a sociedade à reflexão é o primeiro passo para fortalecer o diálogo, e com isso despertar a atenção dos órgãos competentes para que realizem mais estudos e ações em busca da prevenção e do tratamento deste mal, que pode atingir qualquer pessoa. Afinal todos nós temos irmãs, filhas, primas, sobrinhas, amigas, netas e somos diretamente responsáveis pelas pessoas que amamos e pelo seu futuro.


Adriana Carrara- Colaboradora Blog do CVV

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