22 de junho de 2015

 
Solidão é o que se sente quando se está desconectado. Desconectado das pessoas, da vida, de si mesmo. O ser humano é um animal social. Já defendia o psicólogo Maslow que amor e estima são algumas de nossas necessidades.


Ao observarmos a sociedade atual é fácil constatar como tem sido difícil estabelecermos relações autênticas e duradouras. Os dias passam cada vez mais rápido e na ânsia de aproveitar tudo o que o mundo nos oferece, buscamos o instantâneo, a amostra grátis, o “para viagem”. Afinal, não queremos parar, estamos só de passagem.

Mas conexão é importante. Não é à toa que a internet é hoje indispensável. E nela o que mais nos atrai, a despeito de toda informação disponível, é justamente a possibilidade de estar juntos, de nos relacionarmos. Porém, algo que era pra ser simples torna-se complicado por causa de nossa cultura e educação.

Desde pequenos somos ensinados que para receber afeto é preciso agradar. O amor, tão falado, outras vezes não passa de uma recompensa, um prêmio por bom comportamento. É condicional. Se você é do jeito que eu gosto, te amo. Se não gosto de você, fecho a cara, brigo, te ignoro e se puder, rompo os laços, desapareço. Assim passamos a interpretar papéis, identificar preferências nos outros e fingir a tal ponto que nem nos damos conta do quão distantes estamos de nós mesmos.

As demandas são muitas. Os padrões estão cada vez mais incorporados e escancarados, exigindo serem seguidos e reforçados.

Como resultado nos relacionamos com as pessoas do mesmo modo que nos relacionamos com objetos: analisamos a embalagem e pelo rótulo verificamos se atende aos nossos desejos, interesses ou necessidades. Escolhemos uma e antes de decidir se é isso mesmo que queremos, experimentamos, testamos... se agradar, ficamos. Mas é tudo sem compromisso. Se houver algum imprevisto é só trocar, deixar de lado e voltar às prateleiras.
Seguindo essa lógica de mercado, somos todos ao mesmo tempo produtos e consumidores. Nos preocupamos em ter uma boa imagem e agregar valor à nossa identidade, enquanto categorizamos, selecionamos e friamente rejeitamos os demais, como tomates feios numa feira.

Fica evidente então que ao tornar impossível o estabelecimento de uma conexão real, é a coisificação do ser humano um dos fatores que alimenta a crescente solidão tão característica de nossa época.

Porém, quem sabe, no interior de cada um esteja a chave para transformar essa realidade. Preciso reconhecer a humanidade em mim para poder identificá-la nos demais. E é somente aceitando, e não negando a nós mesmos, que é possível enxergar o outro, reconhecê-lo como único, semelhante e construir a partir daí um verdadeiro relacionamento.


Andressa
CVV Jaraguá do Sul - SC
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