A jornalista e psicóloga Gláucia Leal publicou em seu blog, em julho de 2014, um artigo acerca de recentes estudos sobre a cura da depressão, no qual afirma que é muito provável que pelo menos um em cada dez de nós enfrente a depressão em algum momento da vida.A
patologia leva ao isolamento, uma tendência agravada pelo estigma
associado ao quadro, o que faz com que tanta gente evite procurar
tratamento, havendo estimativas de que apenas 75% das pessoas acometidas pela doença sejam acompanhadas por um profissional.
Sabemos que, quando não tratada, a depressão pode levar ao suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada 40 segundos, uma pessoa atente contra a própria vida de forma direta, sendo as pessoas com depressão um grupo de risco relevante. A organização indica que, dentre aqueles com depressão grave, 15% cometem suicídio.
Mas o que leva alguém à depressão? A questão é complexa e deve ser avaliada de vários aspectos. Fatores genéticos e experiências vividas na infância podem ter grande influência no aparecimento da doença. Nada disso, porém, determina com certeza que a pessoa apresentará sintomas. Estudos apontam que há características específicas de cada um que fazem com que pessoas diferentes reajam de formas diversas às mesmas experiências.
Autores e pesquisadores definem a depressão de várias formas. “É o momento em que o psiquismo falha em sua atividade ilusionista e deixa entrever o vazio que nos cerca, ou o vazio que o trabalho psíquico tenta cercar; é o momento de um enfrentamento insuportável com a verdade”, afirma a psicanalista Maria Rita Kehl, autora do livro “O tempo e o cão” (Boitempo), ganhador do prêmio Jabuti de melhor livro do ano de não ficção em 2010 e que trata do tema da depressão.
O escritor norte-americano Andrew Solomon, autor do livro “O demônio do meio-dia” (2002), no qual discorre amplamente sobre a depressão, escreve: “A depressão é uma imperfeição do amor”. Por cinco anos, ele pesquisou a patologia – relatos de pacientes, causas e efeitos, tratamentos, hipóteses bioquímicas, estatísticas. Recolheu histórias de vida de dezenas de pessoas que passaram por crises depressivas. O trabalho é embasado em sua própria vivência de episódios de depressão.
Do ponto de vista biológico, há consenso de que a patologia resulta de um desequilíbrio químico no cérebro. E a serotonina é tido como o principal vilão da história, já que muitos estudos têm relacionado a depressão a baixos níveis do neurotransmissor, o que dificulta a propagação de mensagens através das sinapses (os pequenos espaços entre os neurônios).
A teoria para o uso de medicamentos era que um aumento nos níveis de serotonina deveria retornar a dinâmica neural e o humor para níveis “normais”. O primeiro medicamento baseado na hipótese da serotonina – fluoxetina – foi lançado no final dos anos 1980, e quase todos os antidepressivos subsequentes têm operado com o mesmo princípio geral: manter os níveis de serotonina elevados, impedindo o cérebro de reabsorvê-los.
Estudos clínicos desenvolvidos entre 1980 e 1990 indicaram que, embora o uso dessas drogas tenha resultados preocupantes, é inegável que para inúmeras pessoas que sofrem de formas mais graves da patologia os medicamentos se caracterizam como sinal de esperança – ainda que não sejam soluções definitivas e prontas, como tantos anseiam.
Por outro lado, inúmeros estudos já demonstraram que no caso de depressões leves – as mais comuns – o desempenho dos antidepressivos equivale ao do placebo (substância neutra que pode desencadear efeitos psicológicos que tendem a não se manter). Diante disso, cada vez mais psicólogos, médicos e outros profissionais da área da saúde se dão conta de que uma única intervenção pode ser pouco para aliviar o sofrimento dos pacientes. A associação de vários tratamentos, adequados a cada pessoa, parece ser o mais eficaz.
Neste ponto se encontra a importância do trabalho do CVV, que aparece como uma opção para quem muitas vezes precisa conversar, dividir sentimentos e experiências com outra pessoa. O grupo de voluntários está sempre disponível para compartilhar desses relatos de forma gratuita, anônima e sigilosa.
Precisamos compreender que, mesmo que a cura não seja possível, em muitos casos de depressão, podemos aliviar a dor que ela acarreta.
Sabemos que, quando não tratada, a depressão pode levar ao suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada 40 segundos, uma pessoa atente contra a própria vida de forma direta, sendo as pessoas com depressão um grupo de risco relevante. A organização indica que, dentre aqueles com depressão grave, 15% cometem suicídio.
Mas o que leva alguém à depressão? A questão é complexa e deve ser avaliada de vários aspectos. Fatores genéticos e experiências vividas na infância podem ter grande influência no aparecimento da doença. Nada disso, porém, determina com certeza que a pessoa apresentará sintomas. Estudos apontam que há características específicas de cada um que fazem com que pessoas diferentes reajam de formas diversas às mesmas experiências.
Autores e pesquisadores definem a depressão de várias formas. “É o momento em que o psiquismo falha em sua atividade ilusionista e deixa entrever o vazio que nos cerca, ou o vazio que o trabalho psíquico tenta cercar; é o momento de um enfrentamento insuportável com a verdade”, afirma a psicanalista Maria Rita Kehl, autora do livro “O tempo e o cão” (Boitempo), ganhador do prêmio Jabuti de melhor livro do ano de não ficção em 2010 e que trata do tema da depressão.
O escritor norte-americano Andrew Solomon, autor do livro “O demônio do meio-dia” (2002), no qual discorre amplamente sobre a depressão, escreve: “A depressão é uma imperfeição do amor”. Por cinco anos, ele pesquisou a patologia – relatos de pacientes, causas e efeitos, tratamentos, hipóteses bioquímicas, estatísticas. Recolheu histórias de vida de dezenas de pessoas que passaram por crises depressivas. O trabalho é embasado em sua própria vivência de episódios de depressão.
Do ponto de vista biológico, há consenso de que a patologia resulta de um desequilíbrio químico no cérebro. E a serotonina é tido como o principal vilão da história, já que muitos estudos têm relacionado a depressão a baixos níveis do neurotransmissor, o que dificulta a propagação de mensagens através das sinapses (os pequenos espaços entre os neurônios).
A teoria para o uso de medicamentos era que um aumento nos níveis de serotonina deveria retornar a dinâmica neural e o humor para níveis “normais”. O primeiro medicamento baseado na hipótese da serotonina – fluoxetina – foi lançado no final dos anos 1980, e quase todos os antidepressivos subsequentes têm operado com o mesmo princípio geral: manter os níveis de serotonina elevados, impedindo o cérebro de reabsorvê-los.
Estudos clínicos desenvolvidos entre 1980 e 1990 indicaram que, embora o uso dessas drogas tenha resultados preocupantes, é inegável que para inúmeras pessoas que sofrem de formas mais graves da patologia os medicamentos se caracterizam como sinal de esperança – ainda que não sejam soluções definitivas e prontas, como tantos anseiam.
Por outro lado, inúmeros estudos já demonstraram que no caso de depressões leves – as mais comuns – o desempenho dos antidepressivos equivale ao do placebo (substância neutra que pode desencadear efeitos psicológicos que tendem a não se manter). Diante disso, cada vez mais psicólogos, médicos e outros profissionais da área da saúde se dão conta de que uma única intervenção pode ser pouco para aliviar o sofrimento dos pacientes. A associação de vários tratamentos, adequados a cada pessoa, parece ser o mais eficaz.
Neste ponto se encontra a importância do trabalho do CVV, que aparece como uma opção para quem muitas vezes precisa conversar, dividir sentimentos e experiências com outra pessoa. O grupo de voluntários está sempre disponível para compartilhar desses relatos de forma gratuita, anônima e sigilosa.
Precisamos compreender que, mesmo que a cura não seja possível, em muitos casos de depressão, podemos aliviar a dor que ela acarreta.
Comissão Redatora do Boletim do CVV