Ser otimista é quase uma ordem nos dias de hoje. Os efeitos de sentimentos considerados negativos, tais como tristeza, angústia e raiva, são alvo de pesquisas e de rejeição social. Neste contexto, no qual se busca cada vez mais compreender o impacto das emoções sobre a saúde física e emocional, multiplicam-se títulos dedicados a ensinar formas para se enxergar o mundo com lentes cor de rosa. Fora do campo de auto-ajuda, talvez o destaque seja para o psicólogo americano Martin Seligman, um dos pioneiros da psicologia positiva. A ideia é que sentimentos como gentileza, otimismo, generosidade, humor e originalidade, exercidos cotidianamente, contribuem para ampliar a sensação de bem-estar do ser humano.
Em Florescer, o autor pondera que o bem-estar e a felicidade autêntica - este, aliás, nome de uma das suas primeiras obras - podem ser conquistados a partir de emoções positivas, engajamento ou entrega (viver sempre o dia de hoje, o presente), sentido, realizações e relacionamentos positivos. Na tentativa de ampliar esse sentimento e reduzir fatores de risco à depressão, propõe exercícios simples: escrever uma carta de agradecimento a uma pessoa importante da nossa vida, anotar três coisas que ocorreram bem durante o dia e refletir o motivo pelo qual isso aconteceu e identificar nossas forças pessoais, buscando novas formas de uso e frequência.
E o que seriam essas forças pessoais? Nossas qualidades, aquelas reservas que temos e que nos sentimos bem quando fazemos uso. Simples assim. Quer um exemplo? A perseverança. A ideia de persistir em uma ação independente do resultado. Na perspectiva de Seligman, esta é uma das chamadas forças de coragem, ao lado de outras tais como entusiasmo, bravura, integridade e entusiasmo. Há, ainda, as forças de sabedoria, na qual residem criatividade, mente aberta (visão imparcial), amor ao aprendizado e perspectiva; e as humanitárias, que englobam amor, generosidade e empatia. Completam a lista as forças de justiça, com cidadania, igualdade e liderança; a de temperança, na qual podem ser percebidos sentimentos como perdão, humildade, prudência, auto-controle; e, por fim, as forças de transcendência, apreciação da beleza, otimismo, gratidão, humor e espiritualidade.
É, então, uma receita de bolo? Não. Longe disso. Comprovadamente os otimistas são menos realistas e não existe otimismo sem pessimismo. O próprio Seligman teria dito que os visionários, os planejadores e os desenvolvedores precisam sonhar com coisas que ainda não existem e, se todos fossem otimistas, seria um completo desastre. Que em 2016, com suas 366 novas oportunidades, possamos sonhar um pouco mais!
Leila
CVV Brasília - DF