27 de fevereiro de 2016





No filme “À Procura da Felicidade” (The Pursuit of Happiness), Will Smith vive Chris Gardner, um homem falido e desempregado, que tenta, ao longo da história, se firmar em um emprego para garantir uma vida digna ao seu filho. Durante sua jornada, Chris consegue um estágio não remunerado em uma grande corretora de ações e, a despeito da urgência por uma fonte de renda, permanece na vaga com a esperança de ser contratado ao final do programa. Enquanto isso, seus problemas financeiros se acumulam, tornando-o dependente de abrigos públicos para dar ao filho um lugar para dormir e se alimentar.

Ao longo da história, é possível identificar vários momentos em que Chris poderia ter desistido do trabalho que iria mudar a sua vida - como a emocionante cena em que é obrigado a dormir com o filho no banheiro da estação de trem -, mas no qual persiste em razão da esperança de que algo bom esteja por vir.

A esperança em dias melhores é o motor da vida, que parece só ter sentido quando ainda acreditamos que o melhor ainda está por vir, ou seja, quando cremos que, a despeito de estarmos ou não satisfeitos com a vida que levamos até então, algo melhor nos espera na próxima etapa. Quando adolescentes, achamos que só seremos felizes quando conquistarmos nossa liberdade. Ao iniciarmos a vida adulta, queremos um bom emprego, um amor, filhos. Após conseguirmos isso, temos certeza que só seremos felizes quando acompanharmos o crescimento das crianças, suas conquistas. Os objetivos vão mudando, mas o princípio é sempre o mesmo: o melhor ainda está por vir.

Por essa razão, é muito comum vermos pessoas que viveram experiências fantásticas terem problemas como depressão, alcoolismo, síndrome do pânico, etc. Artistas, atletas, grandes empreendedores e outras pessoas que, após um sucesso estrondoso, voltam à vida comum e perdem a perspectiva de viver seus melhores anos, cientes de que estes já passaram e não serão superados. Edwin Aldrin, um dos astronautas que pisou na lua pela primeira vez, na companhia de Neil Amstrong, costumava perguntar o que pode fazer um homem, depois de ter andado na lua. Parecia ciente de que nada poderia lhe surpreender após tal experiência.

A desesperança com o futuro também ocorre naturalmente com a chegada da velhice, razão pela qual muitos idosos desenvolvem quadros depressivos, sendo inclusive um grupo em que se verifica altas taxas de suicídio. Ao não se prepararem para a mudança de rotina e formas de realização, deixam as portas abertas para a angústia e a frustração entrarem de forma avassaladora. Nesse mesmo sentido, pessoas que sofrem de depressão deparam-se com a dificuldade de reagir diante de uma doença que as torna apáticas, perdendo a fé em sua capacidade de construir uma vida mais feliz.

Ironicamente, mesmo aqueles que perdem todas as forças e todas as expectativas, decidindo tirar a própria vida, também têm a esperança de que algo melhor ainda esteja por vir: que aquele sofrimento que não conseguem superar em vida seja interrompido pela morte.

Na história do filme, a esperança salvou Chris do desespero em que se encontrava, assim como muitas vezes já foi a tábua de salvação de muitos de nós, em momentos em que o futuro se mostrava sombrio, restando-nos apenas a fé em um princípio das sociedades modernas: o de que todos nós possuímos direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.


Luiza
CVV Belém - PA