29 de abril de 2016


 
O crescente aumento de suicídios no mundo provoca na sociedade um sentimento de impotência e desalento. Segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor de “O suicídio e sua prevenção”, no Brasil, a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens aumentou, pelo menos, 30% nos últimos 25 anos. “E uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e emergentes, matando 26 brasileiros por dia”, destacou a jornalista Iara Biderman, no caderno Equilíbrio e Saúde da Folha de S. Paulo de 11 de junho de 2013.  

"Sabe-se que a curva ascendente vai contra a tendência observada em países da Europa ocidental, nos Estados Unidos, na China e na Austrália", releva a matéria.  Nesses lugares, o número de jovens suicidas vem caindo, ao contrário do que acontece no Brasil, como aponta um estudo da University College London publicado no periódico Lancet, no ano de 2012.

A questão é tão alarmante que alguns setores da sociedade, além do Programa CVV, têm se mobilizado a favor da vida. A própria Folha de S. Paulo promoveu um debate sobre causas e prevenção do suicídio.
  
“Na década de 90, a taxa de suicídios aumentava em todos os países do mundo, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um programa de prevenção. Os países que fizeram campanhas de esclarecimento conseguiram baixar os números. É importante falar do assunto”, diz o psiquiatra Neury Botega, da Universidade de Campinas (Unicamp).

Infelizmente, o tema do suicídio “é tabu até para profissionais de saúde. Nos registros do banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), aparece como ‘mortes por lesões autoprovocadas voluntariamente’”. Um longo eufemismo, segundo Botega. “Evita-se a palavra, mas o problema se perpetua”.
 
Muitos profissionais da área de saúde acreditam que perguntar à pessoa se ela pensa em se matar já pode induzi-la a consumar o ato. Mas, conforme afirmação do psiquiatra Botega, “não temos esse poder de inocular a ideia na pessoa. E, se não tentarmos saber o que ela está pensando sobre o assunto, não conseguiremos ajudá-la”.
 
A taxa cresce por uma conjugação de fatores. “A sociedade está cada vez menos solidária, o jovem não tem mais uma rede de apoio. Além disso, é desiludido em relação aos ideais que outras gerações tiveram”, acrescentou Botega.  Já Robert Paris, pelo Centro de Valorização da Vida, assegurou que: “Há ainda uma pressão social para ser feliz, principalmente nas redes sociais. Todo mundo tem que se sentir ótimo. A obrigação de ser feliz gera tensão no jovem”.
 
Nesse contexto, o CVV entende que falar sobre suicídio é essencial para informar a população sobre possíveis causas, sua prevenção e grupos de apoio, pois o tabu não diminui o desconhecimento sobre o tema e dificulta a prevenção.


                                                                   Bartyra                           Helio
                                                                   CVV Recife - PE            CVV Ribeirão Preto - SP