14 de junho de 2016




A violência, em suas mais diversas facetas, é um mecanismo perverso de anulação do outro, chegando a assumir um caráter rotineiro nas diversas instâncias da vida humana. Para além da caracterização física, ela pode deixar marcas existenciais. Na sociedade, existem várias formas de violência, entre elas: o preconceito, as agressões físicas e verbais, a violência contra a mulher, entre tantas outras. Elas acontecem quando alguém ou um grupo de pessoas utiliza intencionalmente a força física ou o poder para ameaçar, persuadir, ludibriar, agredir e submeter outras pessoas, privando-as de liberdade, causando algum dano psicológico, emocional, deficiência de desenvolvimento, lesão física ou até a morte.

A violência psicológica é uma dessas vertentes que possui a mesma ou maior intensidade de causar danos à pessoa, tanto quanto as outras formas. Ela se caracteriza pela anulação do outro sendo, muitas vezes, disfarçada pelo controle, ofensas, humilhações, ciúmes e até ironias. Os danos emocionais sofridos podem ser irreversíveis.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este tipo de violência se define como qualquer conduta que vise a causar danos emocionais ou diminuição da autoestima ou, ainda, que objetive-se a degradar, controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Os meios usados para tal são marcados por ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, entre tantos outros que causam prejuízo à saúde psicológica.

Por apresentar aspectos de caráter subjetivo, a violência psicológica, em muitas situações, acaba sendo negligenciada até mesmo pela própria pessoa violada, que acaba por não compreender seu próprio sofrimento. Isso dificulta a abertura para o reconhecimento dos danos que sofreu e, consequentemente, seu próprio processo de autonomia.

Muitas vezes, em meio a todo um ambiente hostil, a pessoa acaba não encontrando meios de desabafar sobre isso e sobre os sentimentos que emergem diante de tanta violência. O retraimento social e a falta de quem confiar para compartilhar suas angústias a tornam mais fragilizada e distante de seu próprio processo de vivência plena.

O resgate da confiabilidade e da autonomia são importantes para o processo de crescimento não só ao nível individual, mas também social, pois constituem significativas ferramentas de enfrentamento. Assim, quando o CVV propõe uma escuta profunda baseada na compreensão, respeito e aceitação, visa demonstrar atitudes que facilitem esse resgate autêntico pelo reconhecimento de si e, ainda, estratégias existenciais para que a outra pessoa se permita (re) criar.

Sol
Belém (PA)

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