18 de outubro de 2016




Nossa primeira necessidade como espécie é nos comunicarmos. Nos comunicamos desde o início da vida, quando o choro do nascimento revela a nossa dor e o nosso susto de sair do único ambiente até então conhecido. Ainda bebês, utilizamos o choro para expressar a fome, o sono, o frio, o calor, a carência de afeto, o medo e tudo mais que sentimos.

Enquanto crianças, costumamos falar tudo o que nos vem à mente, pois ainda não temos os filtros sociais do que supostamente seria ou não adequado.
Ao longo dos anos, aprendemos que não devemos expor nossas vidas para não atrair curiosos, não devemos falar muito de coisas tristes para não sermos chatos e pessimistas, não devemos demonstrar felicidade para não sermos causa de inveja... em suma, aprendemos que não devemos falar sobre nossos sentimentos.

De tanto "aprendermos", vamos acumulando várias dores, gritos, vozes que ficam ecoando dentro de nós, se tornando um peso a ser carregado dentro do peito. E daí surge a necessidade de falar, de ser ouvido por alguém. 


Rubem Alves já dizia que "o que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: 'se eu fosse você'". Desejamos, portanto, alguém que nos escute com atenção, sem julgamentos, sem opiniões, sem interrupções
A psicologia entende que, quando nos sentimos ouvidos, tendemos a mudar nossas atitudes em relação a nós mesmos e em relação aos outros, pois nos sentimos valorizados, respeitados, enxergados. Ninguém gosta de se sentir invisível, de não ter o interesse do outro. Sentir que o que ela tem a dizer é importante para quem ouve contribui para aumento da autoestima, da confiança (em si e no outro) e permite que a comunicação flua.

Muitas pessoas não conseguem enxergar ao seu redor alguém com quem se sintam confiantes para dividir seus sentimentos. Para esses casos, existe o CVV - Centro de Valorização da Vida, que oferece apoio emocional gratuito a quem o procura para conversar, com a garantia do anonimato e sigilo. 

A realidade é que, ao longo dos anos, desaprendemos o essencial, aquilo que já nascemos sabendo: comunicar o que sentimos. Que tal começar a treinar?

Luiza
CVV Belém (PA)

*Precisando conversar? Acesse www.cvv.org.br e veja as formas de atendimento disponíveis.