29 de janeiro de 2016

Imagem de divulgação do filme Transamérica (EUA, 2005)



A transexualidade é uma experiência singular. Independente da necessidade de a pessoa adequar sexualmente o corpo ao gênero ao qual pertence, compreende-se que é um momento no qual ela necessita de apoio e respeito à sua condição existencial.

Os transexuais vivenciam diversos sofrimentos e vale destacar a necessidade de reconhecê-los socialmente. Para ficar nos ensinamentos de Carl Rogers, necessitam da consideração positiva incondicional, empatia e congruência.

A transexualidade é um conflito de identidade. Os sofrimentos são ocasionados por diversos contextos, como o entendimento social deste conflito como uma doença, o cotidiano escolar opressor e excludente, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, a rejeição ou dificuldade familiar de lidar com esta situação, a convivência com o corpo e exclusões sociais sob formas de preconceito, estigma e discriminação. 

A corrente filosófica humanista percebe o homem de maneira positiva, acreditando na bondade humana. Tendo como influência essa crença, suposições patologizantes ou critérios psiquiátricos não suprem suficientemente uma compreensão sobre este conflito. É necessário entender que a transexualidade é um conflito com as normas de gênero.

Transexual não é uma pessoa, é uma experiência de indivíduos que demonstram que ser homem ou ser mulher é também ultrapassar o limite do que é estabelecido pelo biológico. Porém, ultrapassar essas normas gera consequências, como histórias tecidas por drama, preconceito, incompreensão e luta.

Aceitar a diferença do outro é uma dificuldade subjetiva, principalmente quando se trata de aceitar a diferença de alguém que manifesta uma identidade de gênero conflitante com o sexo de nascença, em outras palavras, uma identidade diferente das outras que somos acostumados a conviver e fomos ensinados a entender.

Quando são considerados sujeitos doentes, quando a sociedade os rejeita, quando a escola não é um espaço acolhedor ou quando a família os exclui, esta experiência transexual é vivenciada de modo ainda mais sofrido.

É urgente que a transexualidade seja uma experiência menos dolorosa, sob forma de condutas de apoio e benevolência. Não diferente de qualquer outra pessoa, os transexuais necessitam ter dignamente um lugar no mundo. O sofrimento que eles vivenciam é ocasionado, em geral, por não receberem compreensão diante desse dilema de identidade. O bem estar gerado pela aceitação social é uma das reivindicações de homens e mulheres trans, pois contribui na superação da angústia vivida na experiência transexual.


Marília 
CVV Santarém - PA