11 de março de 2016




Chega a notícia. Um rapaz, pouco mais de 20 anos, se suicida. A namorada não sabe o que fazer. Ou o que deveria ter feito. Culpa, desespero, sofrimento. Tudo, ao mesmo tempo. Estamos, sim, acostumados com a ideia da morte. Mas nunca nos acostumamos com a presença da morte em nossas vidas. Como lembra o escritor André Mussak, aceitamos a morte, pois somos racionais, mas reagimos fortemente a ela quando é prematura ou quando é próxima. Não gostamos de saber que gente jovem vai morrer, não parece natural. Muito menos quando a morte é deliberada. O suicídio choca, incomoda e silencia. Marina, minha amiga, é uma sobrevivente.

Para cada suicídio, de cinco a dez pessoas, entre familiares e amigos, são afetadas de forma social, emocional e econômica. São os chamados sobreviventes, pessoas significativamente impactadas pelo suicídio. Aprender a seguir em frente após conviver com a morte de alguém que desejou e, mais que isso, optou por esse caminho de forma ativa, pode ser um processo emocional muito difícil e doloroso. É suportar a dor da ausência de alguém que conferia sentido à própria vida.

O luto por alguém que comete suicídio é diferente do que ocorre frente a outras formas de morte. São comuns os sentimentos de culpa por não se ter percebido algum tipo de sinal, não se ter feito algo que pudesse evitar o acontecimento. Palavras ditas. Ou não ditas. Sentimentos de raiva, impotência e ansiedade. O medo muitas vezes toma conta da família que percebe sua própria vulnerabilidade, além do temor de que outro membro do grupo também cometa suicídio, principalmente os mais jovens.

Encontrar ajuda, às vezes, representa um primeiro passo para a recuperação, ainda que parcial. No Brasil e no mundo, vários grupos se dedicam à tarefa de prestar esse auxílio. No CVV, existem Grupos de Apoios aos Sobreviventes do Suicídio, que funcionam em São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Novo Hamburgo (RS), Curitiba (PR) e Cuiabá (MT). Em breve teremos também unidades em Sorocaba (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Nas reuniões mensais, é possível conversar de forma segura, sigilosa, e falar sobre questionamentos que muitas vezes acompanham aqueles que perderam uma pessoa querida. A tônica é sempre a mesma: auxiliar na troca de experiências e oferecer apoio emocional, de forma que os sobreviventes possam conversar abertamente com aqueles que tenham passado por experiência similar. Se você quer conhecer um desses grupos ou simplesmente conversar sobre isso, entre em contato conosco: cvv.org.br!
* A imagem que ilustra esta postagem é do fotógrafo Shikhei Goh e foi vencedora do  Concurso Fotográfico de 2011 da National Geographic, na categoria Natureza.
Leila 
CVV Brasília - DF