Um levantamento feito pelos Samaritanos de Londres mostra
que a cada seis chamados telefônicos na entidade, pelo menos um trata de
questões financeiras. O número é deste ano, mas revela uma preocupação antiga.
A correlação entre crise econômica e suicídio tem sido discutida desde os
estudos inaugurais do sociólogo francês Émile Durkheim. E embora o CVV não faça
estatísticas do gênero, é cada vez mais comum esse tipo de ligação,
principalmente em época de aumento do desemprego e da recessão.
Em abril, o número de trabalhadores fora do
mercado sem qualquer ocupação chegou a 10,2%. É a maior taxa da série histórica
do IBGE, que começou em 2012: são mais de 10 milhões de brasileiros
desempregados. E as perspectivas estão longe de serem animadoras. Relatório
sobre empregabilidade divulgado pela Organização Mundial do Trabalho (OIT)
mostra que até 2017 um em cada cinco novos desempregados do mundo será do
Brasil.
É um efeito cascata. A angústia emocional ligada à recessão e a falta
de esperança são apontadas como apenas parte do problema, que envolve autodestruição,
tentativas e ideações suicidas. Após análise de dados da Organização Mundial da
Saúde, pesquisadores da Universidade de Zurique chegaram à conclusão que de 233
mil mortes verificadas entre 2000 e 2011 em 63 países, 45 mil estavam
relacionadas ao desemprego, o que equivale a 20%. Também é conhecida a
correlação entre desemprego e depressão.
Uma pesquisa do Instituto de
Psiquiatria da Universidade de São Paulo já provou que 80% das pessoas que
acumulam débitos sofrem de depressão e ansiedade. Esse impacto é ainda maior
nos três primeiros meses da mudança de situação financeira, conforme destacado
na cartilha “Suicídio: Informando para prevenir”, produzida pela Associação
Brasileira de Psiquiatria.
Ao apontar o desemprego entre os fatores de risco do
campo social, a publicação chama atenção para o fato que desempregados com
problemas financeiros e trabalhadores não qualificados podem estar no
grupo de risco. Importante que neste momento estas pessoas busquem ajuda e não
se isolem, e se precisarem conversar busquem o apoio de alguém ou do CVV. Para
conversar com um de nossos voluntários entre em contato por uma das formas
disponíveis em nosso site www.cvv.org.br.
Quer saber mais sobre o assunto? Acesse o texto "Efeitos emocionais da crise", publicado aqui no blog.
Leila
CVV Brasília/DF
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