O ser humano está se tornando invisível no meio em que vive. Prova disto é que uma idosa de cerca de 70 anos foi encontrada em seu apartamento, em Bournemouth, sul da Inglaterra, seis anos depois de morrer. “Sentimo-nos tão culpados, pois não tentamos bater na porta, nem entrar no apartamento, nem avisar alguém. Nós, realmente, pensamos que ela tinha se mudado. Ela era uma senhora tão boa e pensar que em mais de cinco anos ninguém, ninguém mesmo, sentiu falta dela... Isso é tão triste”, afirmou uma vizinha.
A falta de convivência, conversas e contato íntimo com nossos vizinhos é uma reprodução do mundo atual, onde insistimos em viver isolados, mesmo que cercados por centenas de pessoas, que dividem conosco o mesmo espaço, mas cujos rostos sequer notamos.
Desde o início da civilização, os indivíduos foram postos para conviver em grupo, mas tem-se percebido que esta situação está mudando. Hoje, com a correria e o estresse do dia a dia, parece que as pessoas deixaram de olhar para o outro e passaram a se concentrar apenas em si mesmas. Impedem qualquer contato em ambientes públicos, como o metrô ou o
ônibus, lançando mão de seus celulares e fones de ouvido, sem perceber que a pessoa
que está ao seu lado precisa apenas de um olhar e de um sorriso para se
sentir visível.
Por que as pessoas estão se tornando tão centradas em si mesmas se, no início dessa grande explosão da tecnologia foi vendido ao homem que o mundo não teria mais fronteiras? O que se percebe é que as fronteiras aumentaram, não somente entre os países, mas também entre os seres humanos, separando-os.
Como será daqui para a frente? Como se poderá mudar essa situação? Para haver mudanças, é preciso esforço de todos. Sendo o objetivo do CVV ajudar a construir uma sociedade mais compreensiva, fraterna e solidária, vemos o quanto é preciso mudar nossas atitudes, derrubar o muro que cerca a todos e prestar mais atenção às pessoas que estão à volta.
Uma das necessidades básicas do ser humano é o seu reconhecimento como pessoa. Às vezes, conhece-se muita gente, mas olhar para cada uma delas, valorizando-as como indivíduo, é difícil. É papel de cada um fazer sua parte como construtor de um mundo melhor, lembrando ainda que todos temos muito o que aprender quando realmente ouvimos e consideramos o que o outro diz e sente!
Então, fica o convite à reflexão: onde esta invisibilidade levará os seres humanos?
Elisa e Zilda
CVV Guarulhos – SP
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