Aos 21 anos, Débora não queria mais viver. Sentia-se profundamente só e achava que não conseguiria mais se encaixar na vida. O vazio e a enorme sensação de não pertencimento tomaram conta da jovem, que tentou o suicídio. A estudante de letras é uma das sobreviventes do Holocausto Brasileiro. A mãe dela, Sueli, que tinha crises de epilepsia, era interna do Hospital Colônia, em Barbacena (MG) e teve a menina arrancada dos braços e cedida para doação. Assim como ela, pelo menos outros 30 recém-nascidos tiveram o mesmo destino por lá.
A história de Sueli e Débora é uma entre as tantas presentes no documentário Holocausto Brasileiro, baseado no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, que emocionam, impactam, assustam, incomodam... A produção, que acaba de estrear na HBO, mostra os horrores que levaram 60 mil pessoas - homens, mulheres, meninos e meninas - à morte por fome, frio, eletrochoques, doenças do corpo e da alma. A maioria internada à força. A maioria sem diagnóstico de transtorno mental. 70% deles, para ser precisa.
Adolescentes grávidas, estupradas, esposas apartadas de casa para que o marido pudesse morar livremente com a amante, meninas de famílias abastadas que perderam a virgindade, pessoas com epilepsia, homossexuais, prostitutas... uma lista interminável na qual fica clara a cultura higienista, de limpeza social. O discurso da agressividade era usado para se cometer violências: se incomodavam, eram retirados da sociedade, mandados para o isolamento.
Foram muitas as atrocidades cometidas entre os muros do Colônia por cerca de 50 anos seguidos. Pacientes comparados a cachorros, uso de eletrochoques como forma de “acalmar” os internos, esquema de venda de cadáveres e ossos para faculdades de medicina. Todas as formas de usurpação da dignidade. Seguidas barbáries nas quais seres humanos chegam a beber água de esgoto e passar fezes no corpo para se proteger.
A produção é primorosa e fundamental para se compreender como as questões de saúde mental eram tratadas. Para entender como, muitas vezes, ainda são. Mostra, como lembra a própria Daniela, que o problema vai muito além da busca por culpados, da cobrança ao Poder Público. Perpassa a necessidade de que este é um problema de todos, no qual não cabe ser conivente.
Leila
CVV – Brasília (DF)
A história de Sueli e Débora é uma entre as tantas presentes no documentário Holocausto Brasileiro, baseado no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, que emocionam, impactam, assustam, incomodam... A produção, que acaba de estrear na HBO, mostra os horrores que levaram 60 mil pessoas - homens, mulheres, meninos e meninas - à morte por fome, frio, eletrochoques, doenças do corpo e da alma. A maioria internada à força. A maioria sem diagnóstico de transtorno mental. 70% deles, para ser precisa.
Adolescentes grávidas, estupradas, esposas apartadas de casa para que o marido pudesse morar livremente com a amante, meninas de famílias abastadas que perderam a virgindade, pessoas com epilepsia, homossexuais, prostitutas... uma lista interminável na qual fica clara a cultura higienista, de limpeza social. O discurso da agressividade era usado para se cometer violências: se incomodavam, eram retirados da sociedade, mandados para o isolamento.
Foram muitas as atrocidades cometidas entre os muros do Colônia por cerca de 50 anos seguidos. Pacientes comparados a cachorros, uso de eletrochoques como forma de “acalmar” os internos, esquema de venda de cadáveres e ossos para faculdades de medicina. Todas as formas de usurpação da dignidade. Seguidas barbáries nas quais seres humanos chegam a beber água de esgoto e passar fezes no corpo para se proteger.
A produção é primorosa e fundamental para se compreender como as questões de saúde mental eram tratadas. Para entender como, muitas vezes, ainda são. Mostra, como lembra a própria Daniela, que o problema vai muito além da busca por culpados, da cobrança ao Poder Público. Perpassa a necessidade de que este é um problema de todos, no qual não cabe ser conivente.
Leila
CVV – Brasília (DF)
uma maldade que nunca me passou pela cabeça que um dia existiu fico triste com tal horror que aconteceu com essas pessoas.
ResponderExcluirInfelizmente, estamos todos sendo mais uma vez encaminhados para uma nova barbárie muito pior do que esta. E não está muito longe de acontecer.
ResponderExcluirNo filme AS IRMÃS MADADENA também vemos o abuso do poder, ao massacrar jovens que não mais interessavam a sociedade, vale a pena assistir
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