29 de novembro de 2016





Estamos acostumados a ver os jovens cheios de energia, projetos e entusiasmo. Parece não ser natural vê-los partir em uma fase tão rica da vida, naquela por muitos considerada o seu auge, o apogeu. Se o luto é sempre difícil, se mostra ainda mais quando a perda vem de forma inesperada, trágica, sem chances para o adeus.

A morte considerada prematura não é sentida como natural, como destino de todos nós, mas sim como interrupção de uma vida promissora, com todas as possibilidades de realização pela frente. Quem lida com a perda de uma pessoa ativa e saudável costuma sentir a morte como injusta, o que dificulta a superação de algumas das primeiras fases do luto, que são a negação e a raiva. Leva-se mais tempo para percorrer todo o caminho até a aceitação do que aconteceu, pois a dor chega sem preparação.

A morte repentina de alguém que estava no esplendor da vida nos lembra da nossa própria fragilidade e quebra a ilusão que tendemos manter diariamente, de que as coisas ao nosso redor estão sob controle. Leva-nos a pensar sobre a finitude dos relacionamentos, das convivências, das situações que podem mudar sem nosso desejo ou comando.

Todos os dias perdemos e ganhamos algo. Saúde, tempo, dinheiro, experiências, mas prestamos pouca atenção nisto, pois já faz parte da nossa rotina. Quando algo acontece inesperadamente, como acidentes que envolvem perdas coletivas, ficamos mais sensíveis e, mesmo não querendo, somos quase forçados a refletir sobre o sentido da vida, o que nos motiva, o que nos completa e o que nos faz seguir em frente.

Não sabemos ainda lidar com as partidas, principalmente aquelas sem despedidas, sem fim anunciado, que nos faz lidar com a ausência de forma brusca, dolorida e carregada de saudade e da esperança que depositamos em quem não pensávamos em perder sem aviso prévio. Parece-nos lícito dizer que, quando uma pessoa morre de repente, o mundo perde um pouco da esperança, sonhos e vitalidade que ela leva consigo.

A quem fica, restam a saudade, a sensação de que podíamos fazer algo mais, o sabor da despedida que nunca houve e o desafio de viver com a ausência, com as lembranças de momentos que não voltam, além do desejo de que o tempo cure as feridas que as perdas deixam em todos nós.


Eixo Comunicação

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