12 de fevereiro de 2017

Respeite seus limites de crescimento. O alerta foi dado por um treinador de cavalos a uma menina de 6 anos, que reclamava por querer ter as pernas mais compridas para colocar os pés nos estribos, tal como fazem os adultos. A história nos faz refletir sobre o que nos faz ter tanta pressa em crescer, em melhorar, em ganhar mais, em conquistar coisas e pessoas, se a vida está em constante movimento?

Em um artigo sobre o tema, a psicóloga Bel César questiona se isso ocorre em função das nossas próprias expectativas sobre como as coisas já deveriam estar acontecendo, como deveríamos estar agindo, como já deveríamos ter mudado para sermos quem realmente gostaríamos de ser... será que vivemos correndo atrás de nós mesmos? Na avaliação dela, como resultado dessa soma de pequenas e grandes expectativas, idealizamos nosso futuro sem nos darmos conta de que estamos nos distanciando do presente.

É verdade que temos que pensar que o futuro deve ser um tempo no qual tudo é possível, porque talvez agora não tenhamos inspiração ou motivação suficientes para transformar o presente. Mas, segue ponderando a autora, se não soubermos nos encantar com a realidade imediata, nossa vida se parecerá mais com um monte de promessas do que com oportunidades de realização. Sonhar é bom, mas viver é melhor. A realidade imediata é a única coisa que temos em nossas mãos! Mas, se o futuro almejado estiver distante das condições do nosso presente, é possível que desanimemos. Quase sempre queremos tudo agora: as mudanças, as conquistas, o crescimento, um novo rumo, a paz, sabedoria, e por aí vai...

Para Bel César, quando queremos tudo rápido, o desânimo chega na mesma velocidade, acabamos nos pondo para baixo quando não nos sentimos prontos para os desafios que acabam de chegar. Em geral, somos pressionados pela nossa própria expectativa e, quando ela não se realiza, nos criticamos, pois gostaríamos de viver de acordo com os resultados esperados, ao invés de lidarmos com a situação como ela nos apresenta. Nesse sentido, continua ela, é necessário o distanciamento, mesmo que por alguns instantes, de nossos julgamentos e daquilo que nos pressiona para aceitamos nossos reais sentimentos e necessidades, seja frente aos outros, seja em relação a nós mesmos, pois só assim podemos identificar e atender as nossas necessidades e limites.

O desconhecimento dos nossos limites faz com que não consigamos perceber os sentimentos que fazem com que nos sintamos inteiros nas situações. Quando queremos mais do que de fato podemos ter ou fazer, logo somos expulsos da realidade maior do que o espaço que somos capazes de ocupar. É como correr com sapatos maiores que os nossos pés: logo vamos tropeçar e cair.

A psicóloga conclui destacando que quando levamos em conta nossas dificuldades e necessidades, começamos a relaxar. Como não precisamos mais nos esticar, cabemos confortavelmente em nós mesmos. Dessa forma, perdemos o hábito de nos comparar aos outros, com quem fomos antes ou até mesmo com a imagem que idealizamos ter no futuro. O ideal, segundo ela, seria poder sentir que estamos de acordo com nosso próprio tamanho. Aí podemos nos sentir completos, como no ditado: "Ser pequeno, mas ser inteiro é ser grande".

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