17 de março de 2017

É comum fazermos as mesmas coisas sempre da mesma forma porque fomos treinados para agir assim. Repetimos o mesmo comportamento a vida inteira porque foi a maneira como aprendemos. Desta forma, podemos acabar nos tornando escravos da rotina e, quando somos solicitados a mudar, argumentamos: “sou assim desde criança, é o meu jeito de ser e não vou mudar”. A grande verdade é que você pode ser a pessoa que escolhe ser. Todos os dias decidimos se continuamos do jeito que somos ou mudamos. 

A grande glória do ser humano é poder participar de sua autocriação. Quando nascemos, não nos foi imposto que fôssemos tímidos, distraídos ou confusos. Temos todas as ferramentas para viver e fazer o que é necessário. Perguntado sobre como era criar uma obra de arte, Michelangelo respondeu: "Dentro da pedra já existe uma obra de arte. Eu apenas tiro o excesso de mármore".

Da mesma forma, dentro de nós já existe algo que pode ser lapidado e melhor elaborado. Nosso grande desafio é retirar o excesso de mármore e completá-lo, sendo artistas da nossa criação. As influências genéticas, psicológicas, sociais e culturais são parte importante da formação do nosso ser, mas não são circunstâncias imutáveis, havendo liberdade para superá-las e mudar o que incomoda.

Os animais, como toda natureza, nos ensinam muito. O besouro, por exemplo, pelas leis da aerodinâmica, não teria condições de voar. Mas, como ele não conhece essas leis, simplesmente bate as asas e voa até onde quiser.

Perguntaram ao cestinha Oscar Shmidt qual era seu ídolo no basquete, Magic Johnson ou Michael Jordan. Ele respondeu que era Larry Bird. "E por que essa admiração por Larry Bird?", questionaram. Ele não teve dúvidas. "Os outros já nasceram talentosos, com corpos que favoreciam o sucesso no basquete. Mas Larry Bird era desengonçado, não sabia saltar nem arremessar. Tudo nele foi construído com muita dedicação".


O processo de autocriação nasce dentro de cada um de nós. Às vezes, alguém nos diz que não temos talento para algo que gostaríamos de realizar, e isso nos machuca. Pode até ser verdade, mas isso não significa que não possamos superar esta limitação e nos sair bem.


Viver a personagem que queremos ser pode ser uma questão de hábito. São necessários longos anos de treinamento para desempenhar determinada profissão. E, quando o ator vive um personagem durante muito tempo, acaba acreditando em sua representação. Quando a pessoa sente a necessidade de viver mais do que tem vivido, a tendência é criar coragem para mudar e ousar enfrentar o desafio da transformação. E esta viagem apenas e tão somente cada um de nós pode fazer por conta própria.


Fernando
CVV Araraquara (SP)


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