Estados Unidos, 24 de outubro de 1929. Após um período de grande valorização do mercado de ações, os acionistas passaram a colocar suas ações à venda, porém havia poucos compradores. Consequentemente, os preços caíram e chegaram a perder mais de 11% de seu valor apenas nesta data. Essa traumática queda levou milhares de pessoas à falência.
Bancos e indústrias foram arruinados. Pequenos investidores também foram à bancarrota. Eram professores, garçons, datilógrafos. As pessoas entraram em pânico e a imprensa no dia seguinte relatou uma “chuva de corpos” despencando dos grandes arranha-ceús de Nova Iorque. Dezenas - talvez centenas - de pessoas, entre eles 11 grandes especuladores da bolsa, ao se confrontarem com a falência e a vida de miséria que estava em seu porvir, resolveram dar cabo de sua própria vida. Este episódio ficou conhecido como “quinta-feira negra”.
Hoje, décadas depois, é de conhecimento de pesquisadores, psiquiatras e psicólogos que o desemprego e a perspectiva de uma vida aquém das expectativas pessoais e profissionais ainda levam milhares de pessoas ao suicídio. No entanto, novas pesquisas passaram a mostrar que dentre as múltiplas causas, o local de trabalho tem grande influência na decisão das pessoas que acabam por tirar a própria vida. De fato, algumas cometem o suicídio no próprio local de trabalho.
De acordo com um levantamento publicado no American Journal of Preventive Medicine, dos Estados Unidos, a ocupação com maior taxa de suicídio é a que envolve lei e proteção, como policiais e bombeiros (5,3 a cada 1 milhão de trabalhadores), seguida por agricultores, fazendeiros e indivíduos envolvidos em atividades florestais (5,1 para 1 milhão). Agentes de saúde e pessoas que trabalham com reparos e manutenção tiveram taxas semelhantes(3,3 a cada 1 milhão). Dentre os reparadores, os que se dedicam a serviços automotivos são os mais propensos.
O que levaria estes profissionais a cometerem mais suicídios que outros? Um dos motivos apontados pela pesquisa é que a disponibilidade e acesso a meios letais, como drogas medicinais e armas de fogo, é a explicação mais provável para que essas profissões sejam as mais fatais. Somado a isso, fatores estressantes e econômicos também podem estar por trás da relação entre suicídio e profissão. Segundo o epidemiologista M. Tiesman, um dos autores do estudo, “a ocupação pode definir a identidade de uma pessoa, e fatores de risco para problemas psicológicos, como depressão e estresse, podem ser potencializados pela profissão”.
Também de acordo com a pesquisa, as estatísticas apontam que os homens têm 15 vezes mais probabilidade de cometer suicídio no local de trabalho do que as mulheres, e a taxa é quatro vezes maior para trabalhadores com idade entre 65 e 74 anos do que para pessoas entre 16 e 24 anos. Os pesquisadores agora buscarão entender quais são os fatores de risco específicos da ocupação, de modo que seja possível desenvolver programas de prevenção e acompanhamento psicológico que possam ser implementados no local de trabalho.
Especialmente em tempos de crise, o CVV está atento à esta problemática e sempre aberto para quem quiser desabafar e conversar, através dos contatos disponíveis no site www.cvv.org.br, lembrando que, para quem está no Rio Grande do Sul, as ligações são gratuitas, através do número 188.
André
CVV Curitiba - PR
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