4 de maio de 2017




A pergunta é provocadora: será que queremos mesmo ser felizes?

O psicólogo Frederico Mattos, do blog Sobre a Vida, escreveu: "a felicidade é uma busca insossa, não nos promete nada de especial, acolhe sem distinção a realidade como é, não luta ou se apega às circunstâncias ou se debate com a aspiração de perfeição. No final da jornada, a felicidade não nos garantirá nenhum privilégio, poderes especiais sobre a vida e a morte e nem curvará os demais aos nossos caprichos limitados e autocentrados. Ela é recheada de uma leveza que não se apoia em vitórias e controle, mas num contentamento em coabitar com os outros seres silenciosamente e sem intervencionismo".
 
A felicidade, portanto, seria o contrário da obsessão por grandes vitórias e destaque. Não seria compatível com buscar a obediência ou admiração dos outros. Não combinaria com tentar modificar alguém e transformá-lo em quem desejamos, traçando cada passo da sua vida. Não teria relação com fazer prevalecer nossa opinião e convencer as pessoas de que elas estão erradas. E, principalmente, nunca passaria por culpar os outros pelos nossos problemas.

Ego, poder, controle, vaidade... quase todos os nossos desejos tendem a atender a um desses pontos, quando tudo indica que a felicidade é o contrário disso. Nas palavras do psicólogo: "A infelicidade é extremamente sedutora. Com ela matamos tempo, criamos inimigos, lutamos contra fantasmas que alimentamos e deixamos a nossa marca cheia de sofrimento e autopiedade nesse mundo".

Optar pela felicidade nos estimularia a deixar para trás dores conhecidas onde habitamos, que moldaram a nossa personalidade e construiram nossas autodefesas. Poderia significar perdoar o passado, se responsabilizar pelo futuro independente de terceiros e aceitar a realidade que não se pode transformar. Talvez implicasse ainda em respeitar totalmente as vontades e personalidade daqueles que amamos. Estamos prontos? Será que queremos mesmo ser felizes?

Luiza
CVV Belém (PA)

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